Volta, Ângela!!!
Teu nome jorra dos meus pulmões
E se multiplicam em nitrogênio,
Hélio, gases nobres
E cabeças surdas.
Em alguma praça do Rio:
Saenz Peña, Afonso Pena, Praça Central do Morro Agudo...
Volta - Ângela.
Uma outra espécie de grito
Se debate em seu peito,
Como um pássaro selvagem
Preso, pela primeira vez, numa gaiola,
Arranhando, ferindo, sem que ninguém ouça.
Volta, Ângela!!!
Volta pra esse nosso mundo de merda.
Ainda existe alguma esperança,
Nem tudo foi interditado.
Existe também tantas coisas bonitas:
a noite, a praça, o riso...
Um letreiro luminoso pede a tua volta;
Veja!
A letra “L” um pouco fosca,
o brilho azul...
Esse mundo precisa de você.
Esse mundo precisa de brilho.
Volta...
São tantas crianças que nada sabem da vida.
O que será dos homens de amanhã,
Se o amanhã se faz em teus dedos
nas tuas palavras intemporais?
O que será do futuro do nosso país...
Quando for dia de festa,
Que festa haverá sem você?
Ah! Olha o teu nome nosso papel...
O frio azul da caneta...
Ainda não interditaram o coração dos homens,
E um verso desajeitado pula o cordão de isolamento,
Gritando por você.
Em qualquer lugar desta galáxia estamos juntos!
Não há distancia entre as praças e as estrelas
Os alicerces dos edifícios sabem
Que estamos juntos.
Se me escutas do seu exílio,
Saiba:
Que há um tempo estamos na rua,
Mas nossas vozes tem eco na litosfera.
Nas estações ferroviárias,
Os operários esperam tua volta.
Eles não sabem, mas esperamos.
Teu piano mudo te espera,
E a astronomia dos meus versos
Sabe que estamos juntos.
Enquanto não nos amordaçam,
Saiba que te esperamos.
© 2010 José Terra
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