O que eu tenho a dizer não está no poema,
Ou talvez passe despercebido na escuridão das entrelinhas:
Operários na escuridão das fábricas
E a gente na escuridão dos guetos.
O que eu tenho a dizer não saiu no jornal,
não foi lavrado em cartório,
nem entrou em programa de governo,
Mas está guardado a séculos no peito como uma bomba
E flutua na boca qual um soluço.
O que eu tenho a dizer segue desorientado
Sem esperanças de encontrar repouso em teus ouvidos.
O que eu tenho a dizer
É triste como um salário,
E embora não caiba na marmita,
É leve como uma lágrima.
© 2010 José Terra
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